terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Pai

Painel exposto ao ingresso da mostra "O Mistério da Natureza, de Magritte, anunciando a inauguração do museu em junho, em Bruxelas, exclusivamente dedicado a ele.

A primeira vez que ví as imagens surreais de Magritte foi no final dos anos 60, nos meus 8 ou 10 anos de idade, com um misto de fascínio e incompreensão. Foi em uma revista japonesa, que meu pai adquiria numa importadora de São Paulo. Duas páginas recheadas de nuvens, circunferências e a sua marca registrada, o chapéu-coco.

Ele amava pinturas e fotografias. Teria 92 anos hoje, se estivesse vivo. A duras penas, ocupou-se por toda a vida no sustento de cinco filhas. Ainda que restassem apenas trocados no seu bolso, encontrava modos de adquirir livros ou revistas relacionadas às artes. Escondido da minha mãe, o que lhe custou duas separações. Renúncia de mãe é infinitamente maior em todos os tempos. Não fosse o último retorno, eu nem teria nascido.

Fui à mostra de Magritte na semana passada, intitulada “O Mistério da Natureza”, nesta cidade. Percorrí os 110 quadros pensando nele. Se tivesse tido uma única oportunidade na vida de conhecer alguma obra de perto, como um bom japonês que foi, teria preferido um impressionista a um surrealista.

Em todo o caso, dediquei o dia a ele.

Um comentário:

Anônimo disse...

LUMA,MAIS UMA VEZ ME FEZ VOLTAR PARA O PASSADO!!!!!ME LEMBRO TÃO BEM DELE......SAUDADES!!!!!!!