terça-feira, 13 de abril de 2010

Volto já

Prezados bons fregueses:

O blog se repousa temporariamente para balanço. Grata pela preferência e até a reabertura, com grande abraço.

domingo, 11 de abril de 2010

Sublime Swing




Improvisações divinas só podem ser assim chamadas porque irrepetíveis, únicas e fugazes.

Não se nasce músico com um passarinho na garganta e nem lhe basta o instinto para dividir uma improvisação rítmica como esta sem a pesada bagagem de muitos anos de estudos clássicos, como a de Bobby McFerrin. Não há partitura que o alcance.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Tulipas

Quem me dera

até para a flor no vaso

um dia chega a primavera
(Paulo Leminski - Hai-Kai)



"A admiração pelo gato é o início do senso estético." (Erasmus Darwin)

domingo, 28 de março de 2010

Goya e as dores do mundo

Goya, da série "As Dores do Mundo"
Não há como permanecer impassível diante da ferida aberta e lancinante das guerras retratada por Goya há 200 anos sem nos trazer de volta à estupidez humana da realidade imediata. Apenas em 2008, foram computados na triste estatística da ONU nove guerras e 130 conflitos no mundo. As lúgubres e cinzentas pinceladas de Goya não nos bastaram. Suas pinturas, porém, continuam a denunciar nossas brutalidades.

É com esta sensação - entre resignação e cumplicidade - que saí da mostra milanesa Goya e o Mundo Moderno, cujo fio condutor traz uma profunda análise da violência humana deixada por Goya como um atormentado legado aos pintores modernos. Sua obra é uma referência não apenas temática, mas também estilística, a delinear a arte dos séculos 19 e 20. É dela que se nutriram os impressionistas, expressionistas, simbolistas e surrealistas.

A mostra percorre cinco sessões da trajetória do artista ao lado de outros célebres. Como pintor iniciado nos ambientes da corte, se confronta com J.L. David, Delacroix e Soutine, para seguir a temática cotidiana ao lado de obras de Victor Hugo, Kirchner, Daumier e Grosz. Sucessivamente segue o tema Cômico e Grotesco, no qual Goya retrata os absurdos e ironias da vida moderna, que mais tarde, iluminarão as obras de Picasso, Miró e Klee.



Obra "Não somos os últimos", do pintor esloveno Zoran Music.
Mas é na penúltima e mais importante sessão, a da Violência, que encontramos o atormentado Goya, já na fase em que não apenas a invasão napoleônica como a doença da surdez progressiva o afligem. Aqui, dezenas de suas gravuras negras que retratam a série As Dores de Guerra, acompanham obras de Dalí, Music, Guttuso e Picasso. Deste último, não podia faltar a obra "A Mulher que Chora" e "Mulher com o Filho Morto".

A mostra fecha com a sessão batizada de O Grito, e não haveria tradução melhor para completar suas expressões. A partir da obra "Nada. Isso diz", os sujeitos já são deformados pelo terror e a dramaticidade é seguida por obras de Bacon, Pollock, Appel, Kiefer, Giacometti e Saura, - este, um contemporâneo de Ensor e Munch.

A mostra no Palazzo Reale de Milão prossegue até dia 27 de junho. Vê-lo isoladamente nos museus de Madrí, Zaragoza ou esparsos pelo mundo é sempre uma experiência valiosa. Mas vê-lo lado-a-lado com os pintores heredes de seus gritos o eco se faz mais forte.


quinta-feira, 25 de março de 2010

Dia da caça


Não pude evitar um meio-sorriso com esta notícia da BBC Brasil, sobre o incidente ocorrido no Parque Nacional de Kruger, na África do Sul.

Que venham mais dias da caça ao de caçador.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Visitantes de pena


Faz algumas semanas que acordo em plena madrugada, com cantos de pássaros que vieram viver ao lado da janela do meu quarto, onde uma imensa magnólia abriga todos os anos um alegre minicondomínio ornitológico.

Nada fora do calendário natural - já que a primavera começou oficialmente ontem - , nao fosse o insólito fato que começam a cantar já por volta de duas ou três da madrugada, um fenômeno jamais notado em anos anteriores. Serão vítimas do engano ótico, provocado por iluminações urbanas ou inusitadas mudanças climáticas a subverter a evolução e o ciclo natural destes insones.

Segundo uma rápida consulta no site da Liga Italiana de Proteção aos Pássaros, uma das mais combativas associações no campo ambiental junto ao Bird Life International Europe, algumas espécies diminuíram cerca de 40 a 60% do território nacional em apenas dez anos.

Eu mesma já os coloquei em risco anos atrás, ao colocar pedaços de maçã à beira da janela, com expectativa de atrair mais passarinhos ao minicondomínio, mas desistí rapidamente. Possuo uma guardiã felina que passa a inteira estação a fazer birdwatching por trás da janela. Com a janela devidamente fechada, espero atraí-los sem artifícios este ano. Apenas com o silêncio.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Pesos e medidas


Nada melhor que acordar e ler, logo de manhã, a sempre lúcida interpretação dos fatos como esta, de Hélio Schwartsman, colunista da Folha. Melhor que esta, só dois Schwartsmans. Não me ocorre acrescentar nem menos uma vírgula a este texto.