segunda-feira, 2 de março de 2009

Classe econômica


Posição do poleiro da classe econômica. Nem em pé e nem sentado.

Como muitos já devem ter lido, a Ryanair, companhia aérea irlandesa de baixo custo começará em breve a cobrar 1 libra pelo uso do banheiro, durante o vôo. Outro corte nas despesas para baixar ainda mais o preço das passagens é a eliminação dos balcões de check-in, cujo serviço estará on-line, por conta dos passageiros.

Se as medidas beneficiam o bolso do passageiro e não o lucro da empresa, a idéia não é má. Considerando que ela opera apenas no continente europeu, mesmo um passageiro que esteja com algum distúrbio intestinal, gastará 2 ou 3 libras no máximo, já que seus vôo não duram mais que 2 horas.

Fiquei pensando se a moda de corte nas despesas pegasse também os vôos intercontinentais. Se já transformaram a classe econômica em poleiro, deixar as galinhas sem o banheiro grátis antes do abate seria crueldade extrema. Sobretudo os idosos e mães de filhos pequenos. Do que sobra, não há muito o que subtrair dos passageiros. A comida? O manto eletrizado? Os filmes? Passageiros em pé, como nos ônibus urbanos?

Já fantasiei infinitas engenharias para amenizar a tortura. Poltronas-beliches ou triliches comandadas por controle remoto; eliminar a classe executiva e transformá-la num grande hall com camas dobráveis até o teto ou criar vôos-cargo só para as nossas bagagens e transformar a barriga do avião num imenso dormitório. Mesmo sob 50 graus negativos!

Se os preços das passagens fossem estabelecidos segundo os serviços opcionais, eu cortaria a comida plastificada. Menos o chafezinho quente. Desde que disponibilizem microondas a bordo. E que os aeroportos vendam marmitex a preço popular, e não a preço de monopólio.

Em todo o caso, até o fatídico 11 de setembro, sempre embarquei com a minha sacolinha. Com água, sucos, cervejinhas, lanchinhos e frutas, sempre disponíveis sob a poltrona. O brasileiro sempre temeu o que chamam de "farofagem", mas por várias vezes embarquei do Brasil com meia dúzia de pastéis, coxinhas e quibes na mão. E comí a bordo sob muitos olhares invejosos. Menos dos europeus e japoneses, habituados a abrir seus lanches em qualquer lugar.

Outra coisa que eu cortaria são os filmes e os brindes, desde que aumentem os centímetros quadrados entre as poltronas. Como meias, cremes ou escovas de dentes. Quem não viaja sem a própria escovinha? Há quem entre com aquela meia 100% sintético no chão molhado do banheiro, mas eu prefiro arrastar meus pés inchados enroscando os sapatos até lá. Até porque aquele cubículo beneficia apenas os homens, que podem fazê-los em pé. E ainda assim, o fazem fora do alvo.
Mas entre todas as opções acima, melhor mesmo é ganhar na loteria e viajar com o próprio avião. Ou apenas de classe executiva, - ainda que eu seja contrária à divisão de classes. Creio que a probabilidade de acertar uma loteria seja mais próxima à realidade do que as companhias alargarem suas poltronas...

3 comentários:

Paola disse...

Eu tb sou da turma do lanchinho, vai saber? Eu não gosto de arriscar!
Coisa de mãe!

Adrina disse...

Eu viajo pouquíssimo de avião, mas não consigo imaginar um espaço mais claustrofóbico que aquele.

Kenia Mello disse...

Ah, LuMa, ganhando na loteria (sem jogar hehehe), eu teria o meu próprio jatinho e você estaria convidada a desfrutar de todas as mordomias. :)
Beijo.