quinta-feira, 16 de abril de 2009

Batatas ao Congresso!

Inadimplência e endividamento de 55% em São Paulo; gastanças no Congresso; crimes se quadruplicando; desemprego oceânico no mundo e mafiosos infiltrando na construção do pós-terremoto. Não dá. Não dá para continuar a ler os jornais. O inferno começa com uma taça de café, todas as manhãs.

Hoje fui fazer compras no supermercado e encontrei batatas-doce à venda. Vem da África, sem precisar de que país. Basta que seja um negro, e o povo aquí o chama de africano. Os africanos não têm uma feição nacional. Apenas continental. Negro brasileiro, sudanês ou chadiano é tudo africano.

A propósito, paguei quase 3 euros por estas duas batatas. É o preço das barreiras comerciais da União Européia, para defender os agricultores locais com ricos subsídios. Deve ter entrado apenas 0,03 centavo no bolso do produtor africano. E já é muito.

Estas batatas? Pego as e atiro contra o Congresso. E a quem mais vocês sugerem?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

A paura dos CEOs


E se a moda dos justiceiros pegar de vez?

Aquí já começou. E os CEOs das grandes corporações que embolsaram bônus milionários que se cuidem mais ainda, porque o ressentimento dos trabalhadores, incubado a longo, já está se transformando em exasperação. E a desforra passou a usar meios mais práticos para pressionar seus dirigentes: assédios, raptos e sequestros-relâmpago.

A começar pela mansão do banqueiro Fred Goodwin, da Royal Bank of Scottland, invadida dias atrás, por uma ronda justiceira anti-manager, que sustenta o slogan "Bank Bosses are Criminals". Daquele mesmo, que deixou o maior buraco na história empresarial britânica e ainda embolsou quase 17 milhões de libras de pensão para sair de cena.

Duas semanas atrás, foi a vez do diretor da Sony France, da filial de Bordeaux, refém dos operários por uma noite, ao anunciar a demissão de 8 mil empregados. Depois, o sequestro-relâmpago do diretor da 3M francesa; do diretor da Caterpillar francesa; diretores da filial belga da Fiat e o que levou a melhor, o diretor da Continental, que recebeu apenas ovos na cara.

Até o bilionário François-Henri Pinalt, do grupo PPR(que detém marcas como Gucci, Fnac, Christie's, Puma, etc), teve seus 60 minutos de pânico. Ficou preso dentro de um táxi, assediado por centenas dos 1.200 demitidos e só foi liberado com a intervenção da Polícia.

* E se os sequestradores brasileiros, "por um lapso", apontassem os olhos também ao Congresso? (Besteirinhas que atravessam a minha cabeça de vez em quando...)

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Lixo



O meu forno a microondas, de uma marca desconhecida, começou a dar sua primeira pifadinha. Pudera, me serviu por 16 anos, quando os eletrodomésticos, de um modo geral, duram em média 10 anos. É o tempo prestabelececido pela indústria de consumo, para que o giro de economia garanta a própria existência.

Vivemos num vórtice de consumismo, no qual o rei Marketing tenta condicionar nossa mente de que temos que trocar o velho pelo novo, a cada novo modelo proposto. Com mais potência, design repaginado e para estar em linha com a contemporaneidade. Ou simplesmente por ostentação. E tudo a uma velocidade estonteante.

Todas as vezes que tenho que adquirir algum produto de uso doméstico, me lembro de um texto - se não me engano, a minha primeira tentativa de tradução de um jornal japonês - o qual se fixou na memória. Então, eu era uma simples bolsista no Japão, em 86, quando a minha consciência pelo ambiente ainda dava seus primeiros passos. Me lembro os números de eletrodomésticos jogados no lixo, apenas na área metropolitana de Tóquio.

A proporção era algo como 400 mil futon; 200 mil geladeiras, 100 mil microondas; 200 mil aquecedores, e assim por diante. Apenas de "lixos" em perfeito estado de funcionamento. Cifras astronômicas, para a equação de um bolso como o meu, então.

Não pretendo trocar o meu forno enquanto não pifar definitivamente. Não me importa se ele tenha um aspecto pouco atraente. Minhas comidinhas não dependem da sua estética.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Subcultura



Leio esta manhã no jornal La Repubblica que a prefeitura de Kyoto decidiu fisicamente tutelar as gueixas, um dos tesouros nacionais do Japão. E com o uso de seguranças e placas com pedidos de respeito para evitar moléstias de turistas estrangeiros, dos quais têm sido vítimas nos últimos anos. Serão os mesmos que depredam esculturas dos museus abertos italianos ou aqueles que insistem em tocar as obras de Louvre com as mãos sujas de sorvete.

Armados de câmeras como paparazzi, os turistas chegam a invadir (sem tirar os sapatos, suponho eu) as exclusivas casas de cerimônia para fotografar os rituais de jantares reservados, quando não as abordam despudoradamente na rua.

O impulso da curiosidade e selvageria dos turistas não há limite, segundo o artigo. Alguns chegam a tocá-las na rua, puxá-las com grosseria pela manga do quimono ou pelos cabelos, para comprovar a autenticidade do refinado penteado (que requer ao menos quatro horas de preparo).

É a subcultura de Hollywood, materializada nestes turistas selvagens.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Abismo


286 mil dólares ao dia. Ao dia. É o que ganha o chefe-executivo da Motorola, Sanjay Jha, no topo da pirâmide dirigente. Ele sozinho totaliza uma renda de 104 milhões de dólares ao ano.

Daquí de baixo, me causa vertigem ao ver esta lista de executivos que mais ganham no mundo. Até quando vai durar este modelo capitalista?

domingo, 5 de abril de 2009

Vai mais uma, doutor!


Ainda que eu seja analfabeta em linguagem médica e possua pouca ou nenhuma habilidade com paciente pós-operatório, estou dando conta do recado. Sigo o "meu" método empírico, através de sensações e observações intuitivas adquiridas nos últimos anos. Em 8 anos, o paciente passou por 5 operações!

Ele já está em casa, sob meus cuidados. Em 2001, foi a vez de cirurgia no menisco e ligamento. Futebol com a turma dos quarentões? Never more. Em 2005, foi a retirada da veia safena inferior da perna esquerda. Caso crônico e hereditário de varizes. Em 2006, a veia safena superior da perna esquerda; em 2007, apendicite aguda com peritonite. Esta semana, a veia safena inferior da perna direita.

Só lhe falta a veia safena superior para ficar sem nenhuma safena, de nenhuma perna! O pessoal do hospital já o conhece pelo nome.

E não é que a nossa gatinha, ao brincar com o paciente esta manhã, lhe tacou as unhas nos pontos frescos, tentando arrancar aqueles fios de costura? Com duas desastradas em casa, ele quer retornar à segurança do hospital.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Que país...

"O Anjo da Dor", escultura de William Wetmore Story (1819-1895)



O Brasil descrito aquí por Dimenstein dói. Como dói...