
Quando a garagem não era cedida por um compreensivo pai, a mesa do pequeno promotor de turno ficava no canto da sala, à disposição de todos. Tigela de cristal cheia de ponche, com maçãs e abacaxis flutuantes, canapés de patê de sardinha e a primeira bebida de batismo para os grandinhos em vias de pequenas transgressões, a cuba libre.
Os meninos, que até poucas horas antes do banho brincavam com carrinhos de rolimã e as mais novas de bibelôs ou bambolês, se viam repentinamente com a estranha palpitação no peito diante daquela garotada em suas melhores roupas de festa. Era a vez das testosteronas brincar com todos eles.
Quando o ponche já começava a tocar o fundo da tigela, os garotos eletrizados já sabiam o que fazer. Com vassoura à vista, espontaneamente abria-se um espaço ao centro, recostando todos à parede. Entrava em cena a luz negra, em perfeita sincronia com os primeiros acordes do 'protodeejay', - que não passava de garoto mais abonado do bairro com a própria vitrola. Vitrolinhas vermelhas ou azuis, que mais pareciam brinquedos e que hoje encantam colecionadores saudosistas.
E vai com Ben, do garoto 'Maicon' Jackson! As mais tímidas fingiam conversar com as amiguinhas, ainda que seus corações bombassem a mil por hora. As mais precoces já sabiam jogar os primeiros charmes e a provocar conflito entre os meninos. Por elas, a vassoura se alternava repetidamente no temor que as músicas terminassem. Tínhamos que retornar às 10 em casa, ainda que o bailinho fosse ali na esquina, na própria calçada. As horas pareciam passar em minutos.
Naqueles primeiros bailinhos, inesperadas protuberâncias entre os corpos coladinhos nos indicavam - entre receio e curiosidade ingênua - as primeiras descobertas da própria sexualidade, antes de deixar a infância. E a vassoura - este objeto ordinário e doméstico - , se tornava o barômetro das nossas primeiras vaidades naquele início dos anos 70.
Poucos anos depois, Yes, Led Zeppelin e Deep Purple ocupariam nossas mentes mais insanas, arrastando a inocência de 'Maicon' para trás.
Os meninos, que até poucas horas antes do banho brincavam com carrinhos de rolimã e as mais novas de bibelôs ou bambolês, se viam repentinamente com a estranha palpitação no peito diante daquela garotada em suas melhores roupas de festa. Era a vez das testosteronas brincar com todos eles.
Quando o ponche já começava a tocar o fundo da tigela, os garotos eletrizados já sabiam o que fazer. Com vassoura à vista, espontaneamente abria-se um espaço ao centro, recostando todos à parede. Entrava em cena a luz negra, em perfeita sincronia com os primeiros acordes do 'protodeejay', - que não passava de garoto mais abonado do bairro com a própria vitrola. Vitrolinhas vermelhas ou azuis, que mais pareciam brinquedos e que hoje encantam colecionadores saudosistas.
E vai com Ben, do garoto 'Maicon' Jackson! As mais tímidas fingiam conversar com as amiguinhas, ainda que seus corações bombassem a mil por hora. As mais precoces já sabiam jogar os primeiros charmes e a provocar conflito entre os meninos. Por elas, a vassoura se alternava repetidamente no temor que as músicas terminassem. Tínhamos que retornar às 10 em casa, ainda que o bailinho fosse ali na esquina, na própria calçada. As horas pareciam passar em minutos.
Naqueles primeiros bailinhos, inesperadas protuberâncias entre os corpos coladinhos nos indicavam - entre receio e curiosidade ingênua - as primeiras descobertas da própria sexualidade, antes de deixar a infância. E a vassoura - este objeto ordinário e doméstico - , se tornava o barômetro das nossas primeiras vaidades naquele início dos anos 70.
Poucos anos depois, Yes, Led Zeppelin e Deep Purple ocupariam nossas mentes mais insanas, arrastando a inocência de 'Maicon' para trás.
* À Tânia, com afeto inalterado no tempo e no espaço.