
Acabo de ler esta manhã uma estatística européia que indica a Itália à frente da Espanha e Irlanda com maior percentual de jovens, entre 20 e 30 anos, vivendo no aconchego da família. São 70% deles vivendo sob a saia da mãe. Com roupa lavada, comida pronta e, claro, uma ajudinha econômica para fins de semana porque os pobres marmanjos, ou fingem ou desconhecem o senso de independência.
Segundo os dados, apenas 28% da Grã-Bretanha e 18% dos jovens da Suécia vivem na comodidade garantida pelos pais.
Creio que o fenômeno italiano não deva ser atribuído apenas à psicanálise e nem à universalmente famosa proteção da mamma italiana. Dando-se um punhado de desconto na questão cultural, o minguado mercado de trabalho, o rebaixamento dos salários - consequente da globalização - e o alto custo de vida das grandes cidades já fulminam qualquer idéia de autonomia dos jovens.
O aluguel de uma quitinete em Milão, de dimensão de 30 a 35 metros quadrados, - correspondente a muitos banheiros paulistanos da região de Jardins - custa em torno de 800 a 900 euros mensais. Ora, para um recém-diplomado, que a duras penas tenha obtido um emprego,o salário inicial será de 900 a mil euros mensais. E não será uma pós-graduação ou doutorado a garantir-lhe um rendimento melhor. E, mesmo que um benevolente pai - com excepcional mimo - decida adquirir a tal quitinete, o imóvel não lhe custará menos que 200 mil euros.
E pensar que os futuros aposentados dependerão destes jovens já me faz prever um panorama cinzento. A propósito, os três países com maior número de marmanjos dependentes são católicos. Mas a análise deste detalhe eu deixo para os outros.