
Ao bisbilhotar a sacola de compras que meu marido trouxera ontem do supermercado, encontrei entre suas provisões semanais de produtos dietéticos uma agradável surpresa, à qual ele pretende aderir regularmente: uma confecção inteira de Yakult, tal qual tomei até a minha adolescência. A mesma familiaridade na embalagem, cor e logotipo, não fosse a distinção que tudo está em italiano, com o slogan "Buongiorno salute". Ao abri-lo, sentí seu sugestivo odor acre acionar o rewind da minha memória, rebobinando a minha existência até os anos 70.
Para um brasileiro, a minha nostalgia pode soar estranho, mas o fato é que a presença deste pequeno frasco de lactobacilos no mercado italiano é mais que recente. Lançou-se aquí há apenas dois anos, no início de 2007, sob a licença da matriz japonesa e da Yakult Europe. Segundo a embalagem, a produção européia é inteiramente centralizada na Holanda. Seria antagônico, portanto, se eu não estivesse há 20 anos sem consumí-lo, senão nas poucas vezes em que eu o levei à boca durante as viagens ao Brasil.
Com os tempos que correm, era natural que a filial italiana limitasse sua distribuição apenas às grandes redes de supermercados. Não conhecerão, portanto, a aura romântica que nós brasileiros atribuimos à infância, dos tempos em que senhoras e donas-de-casas batiam nossas portas com seus carrinhos refrigerados cheios de frascos. Para nós, o produto é um contemporâneo de tantos pais e mães de famílias (ou até avôs), pois segundo o próprio site, a filial brasileira instalou-se no país há 41 anos, em 1968. Aquela mesma fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, de cuja rodovia que a atravessa, se vê (ou não mais?) instalações de vaquinhas em tamanho natural, distribuídas pelo gramado.
Para um brasileiro, a minha nostalgia pode soar estranho, mas o fato é que a presença deste pequeno frasco de lactobacilos no mercado italiano é mais que recente. Lançou-se aquí há apenas dois anos, no início de 2007, sob a licença da matriz japonesa e da Yakult Europe. Segundo a embalagem, a produção européia é inteiramente centralizada na Holanda. Seria antagônico, portanto, se eu não estivesse há 20 anos sem consumí-lo, senão nas poucas vezes em que eu o levei à boca durante as viagens ao Brasil.
Com os tempos que correm, era natural que a filial italiana limitasse sua distribuição apenas às grandes redes de supermercados. Não conhecerão, portanto, a aura romântica que nós brasileiros atribuimos à infância, dos tempos em que senhoras e donas-de-casas batiam nossas portas com seus carrinhos refrigerados cheios de frascos. Para nós, o produto é um contemporâneo de tantos pais e mães de famílias (ou até avôs), pois segundo o próprio site, a filial brasileira instalou-se no país há 41 anos, em 1968. Aquela mesma fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, de cuja rodovia que a atravessa, se vê (ou não mais?) instalações de vaquinhas em tamanho natural, distribuídas pelo gramado.
Ontem, enquanto eu sentia seu sabor tão íntimo e familiar expandir-se por todo o céu da boca, fui tomada por uma irreprimível curiosidade. Se haverá ainda no Brasil a distribuição porta a porta, por aquelas senhoras de carrinho. Como afago à nostalgia, prefiro pensar que elas ainda resistem. A desolação combinaria apenas com esta versão italiana, tão semelhante à brasileira quanto impessoal e anônima para o meu íntimo. Falta-lhe memória ainda.