terça-feira, 1 de setembro de 2009

Indulto a quem?


Se não possuem o visto regular, nada feito.

Os Mohameds, Badescus ou Escobares que diariamente se levantam às cinco para carregar tijolos, jogar lixos ou carregar caixas de tomates para sustentar suas famílias são criminosos. E o clandestino deverá desembolsar de 5 a 10 mil euros de multa, antes de serem expulsos do país. Desde maio, a xenofobia dos aliados do governo Berlusconi está rendendo novas entradas para os cofres vazios do Estado. Graças aos miseráveis.

Mas, se sabe. Não há político italiano - com seu gordo salário parlamentar - que não esconda em casa uma Juanita clandestina que troque fraldas de sua mamma carrancuda e inválida. Ou do nonno sem-vergonha, que mesmo acamado, não dispensa um beliscão no traseiro da chiquita porque é o único poder que ainda lhe sobrou na vida. Não, os patrões não sujam as próprias mãos, nem para acudir a própria mãe.

A solução? É uma anistia geral a todas as clandestinas "acompanhantes de idosos" - sem limite de números - , que entra em vigor a partir de hoje. Basta a família comprovar que manteve a tal clandestina em casa desde 30 de março último, e o "crime" cai automatiamente em prescrição.

Claro, esta anistia beneficia apenas os ricos. Blasfemando ou não contra os impostos, eles ainda podem arcar com os encargos sociais e trabalhistas.

O que restará à classe média? Talvez continue corrrendo o risco de mantê-las escondidas em casa, a baixo salário. Afinal, quem paga pelo crime não é ela. É a clandestina que ousou trabalhar.

2 comentários:

Unknown disse...

Mas é lógico que a classe média tem de sofrer! afinal a corrupção existe desde o início, senão o mundo não seria mundo. Veja Judas Escariotis, por exemplo: sem o saco de moedas ele não teria delatado Jesus, não é? então o que importa o que a classe média pense, os impostos são criados só para ela e ninguém mais - com exceção da classe 'paupérrima'. Ou vc acha que os ricos se importam? Afinal de contas, até o Michael Jackson cantava: "Eles não se importam com a gente."

LuMa disse...

Shoiti:
Um país de grande cultura como este sucumbir ao megapoder de um único homem é muito triste. Sou contra a clandestinidade desenfreada, mas daí espremer os miseráveis para arrancar dinheiro e fichá-los como criminosos antes da expulsão supera o grotesco.