quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Berlim Oriental III



Já escreví precedentemente aquí sobre a minha rápida experiência em Berlim Oriental, antes da queda do muro, mas só agora, quando o fato histórico fará 20 anos em novembro próximo, percebo a crueldade da passagem do tempo. O tempo sobre os ombros é tirano, e nos tenta subtrair energia e vitalidade, sem remorsos. Mas foi naquela viagem que aprendí um pouco mais da vida, para alcançar a idade realmente adulta.

Quando ainda era uma mera universitária no Brasil - combinada a todos os excessos - , achava que as nossas convicções fossem imunes ao tempo. Mas só ele - sempre ele - soube me ensinar que as convicções de ontem podem ser tolices de hoje. Me formei e continuei a acreditar em papos de botecos por muito tempo, até eu conhecer ambos os lados do muro. Que ironia, me revelei como aquela que prefere a ala dos que querem o conforto. No seu vasto entender.

Quando visitei Berlim Oriental, com um visto de apenas 24 horas - era o máximo de tempo que os socialistas concediam - , ainda arrastava a crença de que a divisão de bens fosse o ideal da humanidade, mesmo observando tanta melancolia e tristeza nos olhares dos próprios berlinenses orientais.

Não é necessário que hoje, ao compreender a ilimitada insaciabilidade do homem, os neoliberais me dêem alguma lição de política econômica. Compreendí já naquela viagem, com grande atraso, que a igualdade não existe. E nem o desejam. Enquanto o homem for aquele bicho que nós estamos carecas de saber quem seja.

3 comentários:

Adrina disse...

Igualdade? Onde? Só se for debaixo da terra, LuMa. Enquanto os homens estiverem caminhando sobre ela, não são iguais, o que é uma pena.

AMARela Cavalcanti disse...

É tão estranho ver que nós, ditos animais racionais, agimos de forma tão irracional.
Uma pena!

Bjus!

LuMa disse...

Adrina e Amarela:

É sim. O socialismno sempre foi apenas um modelo desejável para os outros, porque qdo se trata de construir a riqueza individual, às favas os ideais.