
Às vésperas do grande circo milanês de Moda, que inicia depois de amanhã, Anna Wintour, a poderosa diretora-carrasco da Vogue America - aquela mesma entidade que veste Prada - foi categórica ao reconfirmar seu poder de decisão.
Sem se descompor do alto da sua poltrona no outro lado do oceano, ordenou a Câmara Nacional de Moda Italiana e suas centenas de indústrias do setor a "enxugar" com urgência o calendário semanal de desfiles. Numa decisão unilateral decidiu dedicar-se apenas três dias a Milão, rompendo compromissos já agendados ao longo da semana na maratona de desfiles. Os estilistas? Que se arranjem entre si para comprimir ou mudar a programação. Não conseguem? A inabalável Wintour não conhece piedade para pegar a estrada de volta para o aeroporto. Ineficiência e morosidade não entram no seu vocabulário.
Polêmicas de bastidores à parte, todos estão sucumbindo em silêncio, afinal. Por tabela, o batalhão de jornalistas e compradores internacionais que já está chegando à cidade terá que reajustar-se à nova ordem de Wintour. Terá que remarcar ou cancelar agendas que vão do hotel; horário de desfiles; entrevistas; pedidos e extenuantes deslocamentos de um evento a outro sem os saltos Jimmy Choo, mas um cômodo tênis Bamba.
O circo que vende sonhos e desejos garante o espetáculo apenas quando vende a própria alma ao Diabo de saia.