Às vésperas do grande circo milanês de Moda, que inicia depois de amanhã, Anna Wintour, a poderosa diretora-carrasco da Vogue America - aquela mesma entidade que veste Prada - foi categórica ao reconfirmar seu poder de decisão.
Sem se descompor do alto da sua poltrona no outro lado do oceano, ordenou a Câmara Nacional de Moda Italiana e suas centenas de indústrias do setor a "enxugar" com urgência o calendário semanal de desfiles. Numa decisão unilateral decidiu dedicar-se apenas três dias a Milão, rompendo compromissos já agendados ao longo da semana na maratona de desfiles. Os estilistas? Que se arranjem entre si para comprimir ou mudar a programação. Não conseguem? A inabalável Wintour não conhece piedade para pegar a estrada de volta para o aeroporto. Ineficiência e morosidade não entram no seu vocabulário.
Polêmicas de bastidores à parte, todos estão sucumbindo em silêncio, afinal. Por tabela, o batalhão de jornalistas e compradores internacionais que já está chegando à cidade terá que reajustar-se à nova ordem de Wintour. Terá que remarcar ou cancelar agendas que vão do hotel; horário de desfiles; entrevistas; pedidos e extenuantes deslocamentos de um evento a outro sem os saltos Jimmy Choo, mas um cômodo tênis Bamba.
O circo que vende sonhos e desejos garante o espetáculo apenas quando vende a própria alma ao Diabo de saia.
12 comentários:
oi Lu, sou Jeca de tudo com relação ao mundo da moda, mas dentro da minha santa ignorância, fico cá pensando, se não apareçesse ninguem seria hilário não.beijos (boa sorte)
Adorei o comentário anterior... se não aparecesse ninguém seria muito melhor!!!
Diu e Adrina:
Vender frivolidade precisa passar pelo crivo da Wintour, em todo caso. Não vou ser hipócrita dissimulando críticas ao setor do qual defendo o meu ganha-pão, mas que às vezes tenho vontade de virar a mesa, ah sim, e como!
Eu uso made in china com cara de made in mercadao da cantareira e eh apenas roupa.
Ou nao?
Nei:
São apenas roupas, como vc diz. Mas tem uma desesperada indústria de frivolidade que nessa crise quer se manter em pé, mesmo pagando 200 mil euros por cabeça por uma hora de aparição de celebridades nos desfiles para continuar existindo. Nos bastidores, estão cortando centenas de operários do setor, e os que permanecem no emprego, têm salários reduzidos a zero. Ou produzem na China por 3 euros e vendem por 1.500 euros, sabe como...
oi Lu de novo euzinha,como seria bom se todos vissem como as pessoas trabalham la na china, e na India, garanto que mudaria o pensamento destes compradores pelo ao menos uma parte dele, assistí pela, Globo News uma entrevista de uma Jornalista Canadense, Naomi Klein, que por sinal lançou um livro, falando destas coorporções,e desta (maldita globalização) que está acabando com o trabalho de todos pelo mundo afora,tem uma costureira perto de casa consertos em geral vive cheio e olha que ela cobra caro,Bjs (diu)
Diu:
Pois é, eu li o livro dela uns 8 ou 10 anos atrás, o "No Logo", no qual ja denunciava a crueldade do sistema de produção não apenas na China como na Índia e outros países "periféricos". Por outro lado, a China tem o direito de produzir, crescer e, por mais cruel o sistema de produção, com o direito de trabalhar. Os países até então ricos do hemisfério norte que se ajustem hoje. Já estava na hora deles conhecerem o que é desequilíbrio dos hemisférios. Quem paga são trabalhadores confinados no próprio território, porque as corporações mudam de país a outro sem piedade´e seus lucros exorbitantes continuam inalterados.
Aqui os bolivianos trabalham confinados nos poroes das confecçoes do Bom Retiro ganhando merreca por milheiro de peças.
As mesmas roupas vao para os shoppings com suas etiquetas com milheiros de lucros para os atacadistas e lojistas...
Me recuso a comprar roupas made-in-china-feitas-por-mao-de-obra-escrava mas no Brasil a situaçao é a mesma.
Anna
Anna:
A Dolce e Gabbana, por ex., manda produzir 70% de suas peças na China, mas aqui não chega como "Made in China". Uma bolsa, por exemplo, é feito tudo lá. Qdo chega de volta à Itália, uma fábrica italiana qualquer aplica um enfeite final - um botão, strass ou um cordão. Fazendo isso, legalmente pode se chamar "Made in Italy". Uma bolsa de 5 ou 6 euros de custo eles vendem aqui a 800, 1.200 euros. Só que em tempos de crise, ninguém compra. Sabe porquê? Porque os ricos nunca foram atrás de grifes. Quem compra é a classe média emergente que quer ostentar. A crise pegou em cheio essa classe, e as lojas estão às moscas, claro.
* Roupa no Brasil é muito cara, Anna. Até uma blusinha mal feita na Marisa custa mais que as de qualidade 5 vezes superior que se vende nas feiras daqui!
É por isso que vou levar malas vazias pra comprar tudo aí! :)
Moda é uma indústria como qualquer outra, que emprega gente, movimenta esta energia chamada dinheiro, que queima mas faz parte das nossas vidas. Figurões que parecem existir só no cinema, movimentam os cordões que reviram vidas e não estão nem aí. Muda o cenário mas o palco é o mesmo. Não há lugar para sensibilidade, né? São negócios e pieguice certamente não faz parte do vocabulário da dona Anna. Beijos.
Rackel:
Que honra, Rackel, que honra! Tenho muito a aprender contigo. Me visite mais vezes pra que eu possa crescer.
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