terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Síndrome de Peter Pan



Acabo de ler esta manhã uma estatística européia que indica a Itália à frente da Espanha e Irlanda com maior percentual de jovens, entre 20 e 30 anos, vivendo no aconchego da família. São 70% deles vivendo sob a saia da mãe. Com roupa lavada, comida pronta e, claro, uma ajudinha econômica para fins de semana porque os pobres marmanjos, ou fingem ou desconhecem o senso de independência.

Segundo os dados, apenas 28% da Grã-Bretanha e 18% dos jovens da Suécia vivem na comodidade garantida pelos pais.

Creio que o fenômeno italiano não deva ser atribuído apenas à psicanálise e nem à universalmente famosa proteção da mamma italiana. Dando-se um punhado de desconto na questão cultural, o minguado mercado de trabalho, o rebaixamento dos salários - consequente da globalização - e o alto custo de vida das grandes cidades já fulminam qualquer idéia de autonomia dos jovens.

O aluguel de uma quitinete em Milão, de dimensão de 30 a 35 metros quadrados, - correspondente a muitos banheiros paulistanos da região de Jardins - custa em torno de 800 a 900 euros mensais. Ora, para um recém-diplomado, que a duras penas tenha obtido um emprego,o salário inicial será de 900 a mil euros mensais. E não será uma pós-graduação ou doutorado a garantir-lhe um rendimento melhor. E, mesmo que um benevolente pai - com excepcional mimo - decida adquirir a tal quitinete, o imóvel não lhe custará menos que 200 mil euros.

E pensar que os futuros aposentados dependerão destes jovens já me faz prever um panorama cinzento. A propósito, os três países com maior número de marmanjos dependentes são católicos. Mas a análise deste detalhe eu deixo para os outros.

5 comentários:

Anna Karine disse...

Oi Luma! Essa situaçao é meia complicada. De um lado, existe realmente uma dificultade desses jovens de conseguir um trabalho que os façam viver dignamente, do outro existe um grupo que nao sai de casa pois nao quer ter o minimo de responsabilidade mesmo. Conheço 2 meninas italianas que sao formadas, falam 3 linguas, ja tem experiencia na sua area no exterior e que vivem de trabalhar como garçonetes, vendem bijouterias produzidas por elas nas feirinhas e mercados, procuram roupas de marca usadas nas lojas de segunda mao e as revedem pelo dobro no ebay,fazem traduçao por ma mixaria etc Resumindo:si danno da fare mas nao conseguem chegar a 1000 euros ao mes. Nao tem a minima condiçao de morar sozinhas. Ja outros nao trabalham pois é muito mais comodo receber a mesada do papai. Nao quero nem ver essa rapaziada toda daqui a 10 anos quando o dim dim do papai e da mamae acabar...
Torço muito para que essa realidade mude pois, se eu tiver filhos aqui na Italia, essa vai ser a sociedade que eles vao encontrar.

Anônimo disse...

Oi Lu, não posso nem comentar pois tenho um caso igual com meu filho mais velho, formado em direito este ano,e ja estudou fora, só com promessa.fiz uma caixinha de dDc(deixa Deus cuidar), mais o prazo de validade expira em 22 deste m^se não passar na OABm , vai ter que sair de casa não da mais.(diu)

LuMa disse...

Karine:
É bem o que vc ilustrou, Karine. Não citei no texto, mas vale lembrar uma característica singular dos jovens italianos. Segundo a estatística, os estudantes italianos são aqueles que mais 'prolongam' os anos universitários. A média nacional indica que o diploma se obtém entre 25 a 30 anos de idade. Eu mesma conheço 2 deles que estão há 7 anos retardando o diploma.

Diu:
Fui estudante sem grana e sem ajuda onde encostar, e ainda que a crise já fosse um problema endêmico da realidade do meu tempo, não enfrentei um problema tão sério quanto os diplomados de hoje para me ajeitar no mercado de trabalho. Se eu me visse diplomada hoje, certamente eu teria que ir plantar mandioca.

KS Nei disse...

Peter Pan, claro. Mas percebeu que sao basicamente catolicos? Irlanda, Italia e Espanha.
Na Franca a contece o mesmo. E no Brasil e na America Latina.

La mamma eh santa.

Besos!

KS Nei disse...

Ah, eu conheco um que mora com os pais e tem 44 anos.