Voltei radiante de uma visita cardiológica ontem. Se sabe, a esta altura da segunda idade, o receio de que o médico me corte o vinho e a comidinha de que tanto gosto é atroz, de tirar o sono. A abnegação na gula deve ser um daqueles casos mais trágicos que um ser possa suportar. Enfim, após uma enervante espera, o resultado diz que o meu coração está tudo em ordem, e voltei feliz para sempre.
Para festejar, reabrí o meu boteco privée. Claro, é uma traição imperdoável com o meu cardiologista, preparando logo estes camarões fritinhos, provenientes do Pacífico, das águas tailandesas. Versão bem mais barata que os camarões do mar saqueado, explorado e saturado do Mediterrâneo.
E tem estas anchovetas cruas, presentes ao menos a cada quinzena sobre a minha mesa, temperadas apenas com sal, limão siciliano, pimenta-do-reino e azeite extra-virgem. E estas não têm contra-indicações. A prova disso é que os seus maiores devoradores, na região de Puglia - bem alí no salto da bota - , vivem com muita saúde.
Confesso, renuncio ao sashimi e wasabi de qualquer peixe por estas anchovetas cruas, cujo sabor do mar nos enche de alegria por todo o céu da boca, até chegar ao nosso cérebro. E tudo acompanhado por um vinho branco comum da região de Marche; nada de especial, mas de boa qualidade e com a garantia de um IGT, - Indicação Geográfica Típica. O vinho me custou apenas € 2,15 a garrafa.
Com a garantia do resultado médico, sei que o meu boteco privado seguirá em frente, e por enquanto, não se prevê nenhum risco de falência.
3 comentários:
Inveja faz mal à saúde, e eu já estou passando mal.
:)
Uau, Adrina, dita por uma 'capixo-mineira' como você é uma honra!
Lu, o projeto de viagem para o ano que vem está de pé sim. Mais de pé do que nunca! Queria trocar umas informações contigo depois, se possível, ok? Beijo.
Postar um comentário