A versão online do jornal italiano La Repubblica abriu ontem um espaço no qual os leitores podem mandar seus breves depoimentos sobre o drama do desemprego. Até esta manhã, já haviam quase 900 mails de homens, mulheres e jovens dos mais variados setores e profissões, cujas idades, na minha rápida visão, se concentram entre 35 a 55 anos.
De setembro a janeiro deste ano, 20 mil trabalhadores fixos perderam seus empregos neste país, e dos 3 milhões de trabalhadores por contrato com o prazo a vencer este ano, apenas 40 a 75 mil poderão assinar sua renovação, segundo sindicatos. A consequência já é previsível.
Numa realidade em que não se permite soluções pessoais através de "jeitinhos", recomendações, cabides e muito meno o trabalho informal no qual se reparar, o drama descrito em primeira pessoa traduz a crise com mais precisão que qualquer estatística com números frios.
Nos depoimentos, nota-se um grande número de mulheres profissionais, que se perguntam como poderão reinserir-se no já minguado mercado de trabalho e ainda passar pelo crivo da idade sem perder a própria dignidade. E há ainda a família, os filhos e a educação futura, já que a economia doméstica para a família média italiana (como para o resto do continente) é sustentada por dois pilares.
De fato, não conheço mulheres ao meu redor que não trabalhe. Por necessidade ou não, casadas ou solteiras, com ou sem filhos. Para a grande maioria delas, o trabalho está relacionado à dignidade como um bem individual, e não adquirido através de parceiros. A filosofia de "encostar o burro à sombra" não subsiste nem mesmo nas regiões mais pobres do país. As poucas mulheres que não trabalham fora, - ou, que não possan auxiliar na economia doméstica - há quase sempre razões familiares que vão além da questão econômica.
Um fato que chama a atenção é que quase todos os depoimentos pelos quais passei os olhos, citam a armadilha do mobbing (humilhação no exercício profissional para forçar a demissão) na qual caíram como presas. Através de intrigas, perseguições e pressões por parte dos companheiros de trabalho como das empresas. Um inferno gerado pela concorrência e pelo medo do desemprego, num maldoso jogo de poder. Há os que já não descartam o suicídio; uns vivem imersos em profunda depressão e outros em dívidas acumuladas, sem citar as consequentes fragmentações familiares.
Mesmo que a insegurança com o desemprego pareça alarmar mais as mulheres que os homens, na minha rápida leitura observo que elas tendem a ser mais tenazes em encontrar novas soluções e dispostas a virar rapidamente a página. Mesmo a custo de sucumbir a salários inferiores ou aceitar funções menos qualificadas. Neste aspecto, os homens parecem mais vulneráveis, por tocar o orgulho e a dignidade. Será talvez a distante herança cultural, que ao longos dos séculos estabeleceu a figura masculina como o pilar de todas as instituições sociais.
E pensar que estamos apenas no início da crise...
De fato, não conheço mulheres ao meu redor que não trabalhe. Por necessidade ou não, casadas ou solteiras, com ou sem filhos. Para a grande maioria delas, o trabalho está relacionado à dignidade como um bem individual, e não adquirido através de parceiros. A filosofia de "encostar o burro à sombra" não subsiste nem mesmo nas regiões mais pobres do país. As poucas mulheres que não trabalham fora, - ou, que não possan auxiliar na economia doméstica - há quase sempre razões familiares que vão além da questão econômica.
Um fato que chama a atenção é que quase todos os depoimentos pelos quais passei os olhos, citam a armadilha do mobbing (humilhação no exercício profissional para forçar a demissão) na qual caíram como presas. Através de intrigas, perseguições e pressões por parte dos companheiros de trabalho como das empresas. Um inferno gerado pela concorrência e pelo medo do desemprego, num maldoso jogo de poder. Há os que já não descartam o suicídio; uns vivem imersos em profunda depressão e outros em dívidas acumuladas, sem citar as consequentes fragmentações familiares.
Mesmo que a insegurança com o desemprego pareça alarmar mais as mulheres que os homens, na minha rápida leitura observo que elas tendem a ser mais tenazes em encontrar novas soluções e dispostas a virar rapidamente a página. Mesmo a custo de sucumbir a salários inferiores ou aceitar funções menos qualificadas. Neste aspecto, os homens parecem mais vulneráveis, por tocar o orgulho e a dignidade. Será talvez a distante herança cultural, que ao longos dos séculos estabeleceu a figura masculina como o pilar de todas as instituições sociais.
E pensar que estamos apenas no início da crise...
3 comentários:
Lu,
Falando em desempregados...
Teve uma reportagem sobre as cidades mais afetadas pela pobreza no Brasil, onde o desemprego é de 100./., sendo que o único emprego que existe é como empregada doméstica (sem registro) com salário de R$40.00 por mes!
O governo dá para a familia R$1500,00 para a ajuda pós parto e as mulheres fizeram disso um trabalho com ganho anual. Havia mulheres que tiveram 21 filhos para garantir sustento e comprar antena parabólica!
Darling,
Caso eu fique sem emprego nem isso vou poder fazer... que injusto!
Bjs
Anna
E agora é que por aqui o governo criou uma comissão para o enfrentamento da crise, mas não sem antes o Mantega dizer que seremos o primeiro país a sair dela - o que já é alguma coisa porque antes nem se admitia haver crise por aqui...
Beijos.
Triste. Eu tenho andado muito preocupada com isso. Tem uam sombra me rondando e isso é motivo para olheiras.
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